Urbanização e sustentabilidade
Hospital São Francisco de Assis retoma obra de restauração
Rossana Ribeiro
O Hospital-Escola São Francisco de Assis (Hesfa−UFRJ) recomeça a restauração de seu prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1983. A obra, orçada em R$ 3.251.753,46, foi autorizada pelo Iphan com a condição de que se retirassem os pavimentos construídos a sua revelia, para que se mantenha o projeto arquitetônico inicial do prédio.
Desativado em 1978, após a construção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Cidade Universitária, o Hospital-Escola São Francisco de Assis, até então utilizado como hospital universitário da UFRJ, somente foi reativado em 1988. Em razão das enchentes que castigaram a cidade do Rio de Janeiro naquele ano, o hospital foi utilizado para abrigar os internos da Clínica Santa Genoveva, destruída por uma rocha de um dos deslizamentos de terra em Santa Teresa.
Tendo sofrido apenas intervenções emergenciais nessa ocasião, o imóvel teve, desde então, seu funcionamento precário e provisório cristalizado ao longo dos anos por uma sequência de pequenas intervenções de manutenção que foram executadas a fim de garantir o funcionamento básico da unidade acadêmico-assistencial, descaracterizando, assim, o imóvel tombado.
Atualmente a nova direção do Hesfa mantém uma reunião semanal com representantes da empresa que está desenvolvendo o projeto de ajustes da obra. “Essas negociações não são fáceis”, declara Maria Catarina, recém-empossada diretora do hospital. Participam ainda da reunião representantes do Iphan, da Fundação José Bonifácio (Fujb) e da UFRJ.
Dificuldades
À unidade, que é um centro de reabilitação de portadores de deficiência física e neurológica, foi dada a previsão de 20 meses para o término da obra. A maior dificuldade enfrentada pela direção com essas obras é a interdição dos prédios, o que implica um remanejamento no espaço. "Muitos serviços estão sendo transferidos para outro espaço, como é o caso do consultório que vai ser removido daqui a um mês. Mas nós sabemos que tem que haver adaptações. Além do mais, a UFRJ nos autorizou a contratar essas estruturas modelares que estão ao lado e na frente do hospital para desocupar o prédio e deixar condições para intervir”, afirma Maria Catarina.
A unidade tem conseguido boa aceitação dos funcionários e profissionais da saúde que orientam a clientela a respeito das mudanças. Quanto aos estudantes, Maria Catarina afirma que o aprendizado prático não foi afetado, porque o serviço continua funcionando, embora algumas salas de aula tenham sido desativadas para dar lugar à locação de alguns seviços. "Mas isso é uma situação provisória, e a solução é a utilização das salas da Escola de Enfermagem Anna Nery e do Centro de Ciências da Saúde, na Cidade Universitária", completou.
Maria Catarina, que tomou posse no dia 20 deste mês, conta que em sua gestão pretende finalizar os projetos executivos e reiniciar a realização das obras, buscando energias para realizar a fase interna.
Estilo
O imóvel possui aproximadamente 11 mil metros quadrados de área construída em estilo neoclássico, apresentando pequenas variações formais de tendência romântica/eclética.
O exemplar arquitetônico é caracterizado pela simetria da fachada principal, pelo ritmo das envasaduras, pelas rusticidades no pavimento térreo e no corpo central e pela concepção espacial única, seguindo o modelo do Pan-óptico de Bentham, modelo arquitetônico do século XIX que inspirou a construção de diversos presídios na Europa.
O hospital
O hospital, que é referência nacional em pesquisa e tratamento de pessoas de baixa renda portadoras do vírus HIV, atende cerca de 20 mil pacientes por mês e atua também com serviços de testagem de HIV e hepatite. Oferece, ainda, um centro de aconselhamento e tratamento de HIV; atendimento à terceira idade, com todos os projetos de nutrição, pedagogia, serviço social, psicologia, enfermagem e medicina; atendimento ao paciente com problemas com álcool e outras drogas; tratamento e terapias complementares; e, no ambulatório, consultas de cardiologia, pediatria, clínica médica, nutrição, serviço social, psicologia, ginecologia (incluindo o pré-natal) e tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis masculinas, além de alguns diagnósticos laboratoriais.