Urbanização e sustentabilidade
Programa de Baixo Carbono busca monitorar a taxa de gases poluentes emitidos
Guilherme Karakida
Ilustração: Rodolfo Gomes
O Programa de Desenvolvimento de Baixo Carbono da Cidade do Rio Janeiro (PDBC Rio), sistema desenvolvido pela Coppe - UFRJ, em parceria com a prefeitura do Rio, Banco Mundial e Centro Clima, pretende monitorar a quantidade de gases poluentes emitidos pela cidade carioca e contabilizar seus resultados.
Lançado durante a Rio+20, o programa vem sendo desenvolvido desde meados de 2011 e está em processo de implantação. A pesquisadora da Coppe Flávia Beatriz Carloni, idealizadora do projeto e doutora em planejamento energético e ambiental, afirma que, apesar dos avanços, o programa enfrenta algumas dificuldades atualmente.
Segundo Carloni, há certa ausência de diálogo entre os departamentos e secretarias da administração municipal. "Geralmente, os departamentos desenvolvem seus trabalhos de maneira isolada, sem conversarem uns com os outros, seja por falta de tempo, seja por falta de uma melhor gestão do nível hierárquico superior, e, com isso, perdem a oportunidade de se ajudarem e potencializarem os resultados de seus projetos", explica.
Contudo, de acordo com a pesquisadora, o principal desafio a ser superado é a falta de dados e de informações, que não seria um problema exclusivo do Rio de Janeiro, mas do país como um todo. Para solucionar esse entrave, ela aponta a necessidade de construir um banco de dados que seja alimentado regularmente por profissionais capacitados da área. O Instituto Pereira Passos (IPP), cujo trabalho é coletar e gerenciar informações sobre a cidade, está colaborando nesse processo.
Além disso, a doutora menciona as políticas municipais voltadas para as questões ambientais e climáticas, o que evidencia a maior preocupação com o assunto. Todas as empreiteiras, por exemplo, são obrigadas a realizar o reflorestamento de áreas impactadas pela construção civil. Vale destacar que o município também oferece a isenção de metade do ISS da ThyssenKrup/CSA, desde que esse capital seja investido em projetos de sustentabilidade. Existe, ainda, uma lei municipal (Lei nº 5.248/2011) que estabelece metas de redução de emissões de gases poluentes.
No entanto, para a pesquisadora, a cidade carecia de um sistema que calculasse a quantidade de gases emitidos, em função das políticas de baixo carbono que a cidade adota. "A Cidade já tem muita coisa, o que faltava era um arcabouço para verificar e medir os impactos positivos dessas iniciativas. O Programa de Baixo Carbono, então, se propôs a fazer isso", esclarece.
Por fim, em relação a uma adoção de hábitos mais conscientes pela sociedade, tais como o uso de bicicletas e transportes públicos, Carloni analisa certas campanhas: "Tudo depende de política pública eficaz. Não acredito em campanha de consumo consciente, que, se cada um fizer a sua parte, juntos mudamos alguma coisa. Isso é demagogia", afirma.
Por outro lado, a pesquisadora enalteceu o ótimo resultado alcançado pelo projeto de compartilhamento de bicicletas na zona sul e revelou ser otimista sobre os seus impactos, caso seja implantado em outras zonas da cidade.