UFRJ Plural - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Saúde e bem-estar

Pesquisa revela que exercício físico melhora atividade do cérebro
Andressa Guerra

 Ilustração: Gabriel Sperandio

Perda de memória, desorientação e demência. Esses são alguns dos sintomas do Mal de Alzheimer, a temida doença degenerativa que acomete inúmeras pessoas ao redor do mundo. A enfermidade tem por base um processo neurodegenerativo progressivo, e o principal sintoma é o apagamento de lembranças, primeiramente as recentes e, com o tempo, as mais antigas. O pavor que a condição provoca na maior parte da sociedade pode, talvez, ser explicado pela constatação de um fato simples e assustador: o de que, além de tirar a identidade e o controle do paciente, a doença não tem cura.

O professor Jerson Laks, coordenador do Centro para Doença de Alzheimer e Outros Transtornos Relacionados ao Idoso, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que, embora não exista solução permanente para a doença, é possível realizar um trabalho que melhore as condições do enfermo. "Tudo que podemos fazer, com sucesso, é retardar a progressão e tratar alguns dos sintomas. Por exemplo, se um paciente fica agitado, delirante ou com depressão, o tratamento sintomático certamente promove melhoras no quadro geral do paciente. Então, há muito a fazer", explica.

Munidos da vontade de tornar mais fácil e melhor o tratamento do Alzheimer e de outras doenças, como a Depressão Maior e o Mal de Parkinson, Laks e sua equipe iniciaram uma pesquisa, ainda em desenvolvimento, sobre a influência das atividades físicas nesses quadros. "Sabíamos da existência de pesquisas com ratos nas quais o exercício físico melhorou a atividade do cérebro, ajudando a mantê-lo sem atrofia", contou o professor. 

"Temos selecionado pacientes com Doença de Alzheimer para realizar programas supervisionados e específicos de condicionamento físico duas vezes por semana, enquanto um grupo controle apenas realiza atividades de recreação. Os pacientes que fizeram o exercício melhoraram em muitos aspectos em relação a quem não fez", revela o pesquisador.

Os benefícios alcançados pela experiência são inúmeros e de diversos tipos. Dentre eles, destaca-se um aumento da capacidade de realizar atividades diárias, das capacidades física, funcional e de algumas funções cognitivas. "Além disso, nota-se a melhora psicológica. Os pacientes e cuidadores relatam que sentem o aumento de sua qualidade de vida, e de maiores disposição e humor", acrescenta Laks.

Os resultados, além de proverem também, e em parte, o lado psicológico, ocorrem principalmente devido a um processo observado no cérebro quando se praticam exercícios. "As atividades fazem com que haja maior oxigenação cerebral e promovem a liberação de vários hormônios que são importantes para a viabilidade dos neurônios", esclareceu o professor Laks. 

Esse processo, que pode parecer simples, é, na verdade, um avanço significativo no modo de lidar com as doenças. "Ao sabermos que os exercícios realmente melhoram dessa maneira as condições do paciente, podemos incluir e programar atividades como parte do tratamento", esclareceu. Atualmente, Laks e sua equipe se concentram na elaboração do desfecho da pesquisa.