Pesquisa
Combate à dengue na Maré
Guilherme Karakida
Foto:Muhammad Mahdi Karim
Resultado da atuação do Instituto de Microbiologia da UFRJ com instituições alemãs − Instituto de Medicina Tropical Bernhard Nocht, Associação de Controle de Vetores (Kabs) e a ONG Ireso −, um projeto de combate à dengue será desenvolvido na Comunidade da Maré, em parceria com a ONG Redes da Maré.
Segundo Davis Fernandes Ferreira, doutor em microbiologia pela UFRJ e professor associado do departamento de virologia do Instituto de Microbiologia, além da pesquisa aplicada em arbovírus, feita por especialistas da área, há um projeto de extensão que envolve os adolescentes da comunidade. “Esses jovens seriam informados por profissionais sobre a dengue: forma de transmissão, reconhecimento dos sintomas da patologia, como evitar a proliferação da doença, o vetor (mosquito) e como conscientizar a comunidade”, explica.
Os mais interessados, de acordo com Ferreira, podem participar das atividades de captura de vetores, desde que aceitem ser submetidos ao treinamento, que ocorrerá no campus da UFRJ. “No momento, estamos selecionando os jovens, explicando o projeto e preparando o material para o treinamento que será realizado no período de férias escolares. Nossa intenção é começar com toda a força em agosto”, afirma.
Controle do Mosquito
Em relação ao controle do mosquito, problema que colabora para perpetuar a doença nas cidades, o doutor esclarece essa dificuldade. Para ele, o mosquito Aedes aegypti apresenta uma capacidade de adaptação muito grande à vida urbana, e sua reprodução é facilitada pela urbanização desorganizada. Assim, a existência de caixas d’água destampadas, os lixos pelas ruas, as construções inacabadas e a falta de saneamento básico são fatores que favorecem a incidência de epidemias todos os anos.
“O combate à Dengue precisa envolver uma gestão multifatorial entre a sociedade, as iniciativas de especialistas de diversos campos da saúde e, principalmente, do poder público na educação da população”, reivindica.
Vacina
No que diz respeito à criação de uma vacina, o pesquisador revelou que o caminho para a obtenção dela ainda permanece obscuro, sobretudo porque há quatro tipos diferentes do vírus. Além disso, a dengue é difícil de ser trabalhada em laboratório, muito em função da carência de um modelo animal que desenvolva a doença da mesma forma que em seres humanos. “Sem mencionar que há muito que se desvendar sobre o processo patológico da dengue, a resposta imunológica de nosso organismo quando em contato com esse vírus, assim como a interação vírus da dengue x célula. Portanto, o caminho para a elaboração de uma vacina é árduo e com muitas adversidades”, esclarece.