Urbanização e sustentabilidade
Ameaça à "maravilha" do Porto do Rio
Andressa Guerra
Ao longo dos últimos anos, a cidade do Rio de Janeiro vem passando por um período de inúmeras transformações. Seja devido aos grandes eventos que estão por vir (Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016), seja pelo resultado do desenvolvimento econômico do país, o fato é que novas mudanças na Cidade Maravilhosa estão sendo implementadas a todo momento. No entanto, um projeto da Companhia Docas do Rio de Janeiro que modificaria a Zona Portuária se destacou em meio a esse cenário e despertou reações contrárias em muita gente que acha que o Porto Maravilha pode sair bastante prejudicado dessa.
Com a intenção de criar um espaço mais confortável para o desembarque de turistas, o projeto prevê a construção de um novo píer, em forma de Y, entre os armazéns 2 e 3. Do ponto de vista turístico, a obra significaria uma melhoria interessante para a cidade, tendo em vista o contingente impressionante de turistas que ela receberá nos próximos anos. "Esse modo de se locomover, através de navios, está sendo muito utilizado hoje em dia e várias cidades ao redor do mundo têm investido em seus portos. Acho interessante que isso aconteça também no Rio, já que um investimento desse tipo pode dar vida a um lugar e causar um bom impacto nos turistas", afirmou a professora Denise Pinheiro Machado, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. "Agora, para isso acontecer, muitas questões devem ser levadas em conta, inclusive se existem condições técnicas para a realização das obras", ressalta.
As críticas ao projeto da Cia. Docas baseiam-se justamente em uma questão que parece não estar sendo levada em conta: a localização. Segundo a professora Denise, a construção do píer entre os armazéns 2 e 3 significaria a perda da vista para o mar de um ponto que está sendo remodelado para valorizar aspectos como a paisagem. "Construir um píer naquela localidade significa desqualificar todas as medidas que estão sendo tomadas para melhorar o espaço", disse. Uma dessas medidas consiste na demolição de parte do elevado da Perimetral com o intuito de liberar a vista, que ficaria comprometida pelos navios.
Segundo a diretora da FAU, nesse tipo de situação uma boa análise é a chave do sucesso. "Obras desse porte têm seu próprio tempo e devem ser pensadas com calma e planejamento. Ao que me parece, estão querendo fazer tudo às pressas, e isso pode significar consequências negativas em longo prazo", alertou.